A Conferência IA, destaca o que está por vir (...) e o que já está aqui
Em seu discurso de abertura na recente Conferência Global Missionária da IA, o cientista de dados da SIL, Dan Whitenack, mostrou uma foto conhecida por qualquer pessoa que já tenha trabalhado com a tradução da Bíblia: um tradutor em um local de projeto, trabalhando em um laptop, usando o Paratext.
Em seguida, ele mostrou uma imagem que representa os receios de como a inteligência artificial mudará a tradução da Bíblia. A foto mostrava uma sala cheia de supercomputadores, sem humanos à vista. Isso, disse ele, não representa o futuro da tradução da Bíblia com o auxílio da IA.
“Não será um computador que estará produzindo uma Bíblia”, disse Whitenack. “Será mais parecido com isso”.
E ele mostrou a imagem original novamente — “Um tradutor da Bíblia fazendo a tradução da Bíblia, com ferramentas novas e avançadas que acompanham os tradutores e consultores e os ajudam”.
Temas importantes
A conferência, realizada de 12 a 14 de abril na Wycliffe EUA, em Orlando, Flórida, reuniu cristãos que trabalham com o futuro da IA no que se refere à igreja global. Entre os patrocinadores estavam, a SIL, Every Tribe Every Nation‘s Innovation Lab, Biblica, American Bible Society, Global Media Outreach e Christian Vision Global.
Em uma semana em que era fácil se perder entre pensamentos futuristas, vocabulário tecnológico e referências a Star Wars esses foram alguns temas recorrentes:
- A IA poderia reduzir drasticamente o tempo necessário para traduzir uma Bíblia de alta qualidade — talvez em mais da metade. Ela pode servir como um valioso assistente antes, durante e depois dos projetos de idiomas. Ela poderia permitir que os tradutores enxergassem além de seus próprios contextos culturais ao traduzir as Escrituras. A IA também poderia beneficiar a igreja com ferramentas bem projetadas de engajamento com as Escrituras, abastecidas com quantidades incríveis de dados, oferecendo diversos recursos em vários idiomas.
- A IA também poderia causar danos espirituais profundos, deixando milhares de idiomas de lado e propiciando ferramentas de engajamento com as Escrituras mal projetadas, o que poderia deixar os cristãos confusos e negligentes com uma teologia confusa. É como uma biblioteca sem bibliotecários, com todos os livros à disposição.
- Os cristãos precisam estar envolvidos no desenvolvimento de plataformas de IA e em sua ética subjacente. Se não estivermos, esses sistemas podem ser inerentes e tendenciosos em relação a uma visão bíblica do mundo.
Um guia confiável
Elizabeth Robar, fundadora e diretora da Cambridge Digital Bible Research vê o potencial da IA para ser um guia confiável, indicando rapidamente aos tradutores e consultores os recursos mais úteis. A ferramenta ideal, segundo ela, estará “totalmente ciente do fluxo de trabalho de uma equipe de tradução e dos recursos disponíveis”. Por exemplo, ela saberia quais recursos os tradutores costumam consultar depois de redigir. Ela estaria ciente do trabalho relacionado de outras equipes. E poderia apresentar recomendações sobre como modificar o fluxo de trabalho para aumentar a eficiência.
“Durante o projeto, o sistema ideal seria capaz de se preocupar com o tradutor e forneceria alertas para as tomadas de decisões necessárias”, disse ela. Por exemplo, ele poderia fazer perguntas durante os processos de pesquisa e verificação.
“Se tivermos uma análise de um texto, por exemplo, a mensagem de um Salmo, essa mensagem está sendo elaborada?”, disse ela. “São esses os sentimentos que devem ocorrer. Você vê isso acontecendo no seu texto? De certa forma, isso é como ter um consultor de tradução virtual”.
Mas sempre, ela enfatizou, a tecnologia serve à equipe de tradução humana — e não o contrário. Na verdade, a IA poderia ser incorporada diretamente em uma versão futura do Paratext, que serviria como a fonte central que vincula todos esses recursos.
Mais formas em que a IA pode ajudar
Whitenack, da SIL, mencionou mais aspectos que a IA será capaz de executar.
- Ajudar a otimizar a ordem em que os livros e versículos são traduzidos. Em vez de simplesmente começar com o capítulo 1, versículo 1 de um livro, por exemplo, um “caminho dourado” surge à medida que as palavras e frases-chave são traduzidas. A cada versículo e capítulo subsequente, a assistência da IA ficará melhor.
- Dar sugestões. Enquanto o usuário digita e trabalha em um determinado verso, ele recebe uma sugestão pop-up de tradução ou referência, com base em trabalhos anteriores. Isso é semelhante ao que o Microsoft Word ou o Google já fazem, mas otimizado para tradutores da Bíblia e incorporado ao Paratext.
- Sistemas de pesquisa melhores e mais rápidos. Whitenack gosta do termo “copiloto” porque “implica que há um piloto. Ainda há um ser humano nos (controles)”.
“Os tradutores são bons em traduzir”, disse ele. “Eles fazem isso o dia inteiro. (...) Porém, chegam em um ponto onde se perguntam: O que é um éfode? E, então, temos simplesmente um bloqueio. Eles precisam parar e pesquisar em 17 janelas de diferentes recursos. Portanto, queremos um sistema de pesquisa melhor para isso”.
Por exemplo: um tradutor poderia perguntar: “Por que Jonas não queria ir para Nínive?” Um sistema copiloto em desenvolvimento oferece resposta e citação precisas — nesse caso, o dicionário Bíblico Tyndale. Os desenvolvedores preveem um futuro próximo em que a IA poderá traduzir recursos como esse para vários idiomas. - Combinando métodos de avaliação de qualidade existentes com a IA. “Os radiologistas já estão sendo associados a analisadores de imagens para ajudar a examinar imagens médicas e fazer diagnósticos”, disse ele. “Deveríamos ser capazes de fazer algo paralelo com o par de revisores de IA, onde podemos separar um rascunho e entender várias qualidades sobre esse rascunho, informações ausentes ou adicionadas, clareza ou problemas de naturalidade”.
- Publicação digital e engajamento com as Escrituras em vários idiomas simultaneamente em sites e páginas de mídia social. A SIL está trabalhando em uma plataforma de bate-papo chamada M2, na qual uma organização pode adicionar vários idiomas ao mesmo bot (que “conversa” com o usuário, como fazem muitos sites de vendas ou de viagens).
“Essa é uma base para interagir com muitas comunidades de idiomas diferentes sem o ônus operacional de ter que clonar 33 bots, conectar todas as análises de dados, copiar todas as regras e gerenciar todas as traduções”, disse Whitenack. “Tudo isso é resolvido aqui. Assim, você pode criar rapidamente um bot que pode ser executado em 33 páginas diferentes do Facebook, envolvendo pessoas em 33 idiomas”.
História: Jim Killam, Aliança Global Wycliffe
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